sábado, 23 de setembro de 2017

Soneto do amigo



Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

POEMINHA SENTIMENTAL



POEMINHA SENTIMENTAL

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O sonho




O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Desconhecido

Chega de Saudade




Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Vinicius de Moraes

Como dizia o poeta




Como dizia o poeta

Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai

Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não

Não há mal pior
Do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão

Vinícius de Moraes e Toquinho

Poema da Noite





Poema da Noite

Já chorei vendo fotos e ouvindo musica;
Já liguei só para ouvir uma voz;
Me apaixonei por um sorriso;
Já pensei que fosse morrer de saudade;
E tive medo de perder alguém especial... (e acabei perdendo)
Já pulei e gritei de tanta felicidade;
Já vivi de amor e fiz muitas juras eternas... "quebrei a cara muitas vezes!"
Já abracei para proteger;
Já dei risadas quando não podia;
Já fiz amigos eternos;
Amei e fui amado;
Mas também já fui rejeitado;
Fui amado e não amei...


Augusto Branco

Amor em paz




Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz


Vinicius de Moraes

Ternura



Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.


Vinicius de Moraes

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Saudade




Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


Aguinaldo Silva

Coisa Amar



Coisa Amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.


Manuel Alegre

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O amor, quando se revela,





O amor, quando se revela,


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa

Amor é fogo que arde sem ...




Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Luís de Camões


Eu te amo.




Eu te amo.


Tão doce é o amor que sinto por você.
Tão puro, verdadeiro e eterno.
Querido,
Te amo mais que a mim mesma,
Você é minha vida, meu mundo.
Você é o que me mantém viva.

Você me tirou da escuridão,
Você me amou e expulsou a dor de dentro de mim.
Obrigada, querido!
Obrigada por existir,
Obrigada por me amar, apesar de tudo
Apesar de eu ser tão imperfeita...

Não duvide, querido...

Eu te amo.


Valéria Mares

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Que o homem que amo ...




... Que o homem que amo seja pra sempre amado
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a uma mulher inundada de sentimentos...

... Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada...

... E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.


Oswaldo Montenegro

Namorado...



Namorado...

O que é ter um namorado?
É fazer a vida ter sentido,
Sentir-se feliz de qualquer lado
E achar tudo tão bonito?

É muito mais que tudo isso,
É querer estar perto a todo instante
É chegar perto e suar frio
É estar alegre o bastante

É dividir o lanche da padaria,
É sair correndo da chuva,
É sair de casa escondida,
E ir ao cinema na sessão das duas

É andar no jardim de mãos dadas,
É ganhar uma flor apanhada,
É gargalhar das meias rasgadas,
E ser lembrada de madrugada

É mesmo em pensamento estar junto
E não dar espaço pra solidão
É ter em mãos o mundo
Mas só uma pessoa no coração

É poder rir das suas caretas,
E esquecer um pouco do tempo,
Brincar de correr atrás das borboletas
E guardar pra sempre esse momento

É querer dormir agarrado,
Acampar em bosques enluarados
É querer estar sempre abraçado
Mesmo em dias ensolarados

Tudo isso é ter namorado...


Karina Perussi

Apenas




Apenas

Era amor, era aconchego, 
era vontade de ficar junto,
era calma, o sossego 
de um sonho sonhado.
Trocas de carícias,
eternas juras
que se estiolaram
no tempo corrido 
da vida em comum.

Onde se escondeu
a antiga paixão, 
onde ficou perdido
tanto amor?
Como duas pessoas
que se amaram
são, agora, apenas amigos?
Onde ficaram as carícias, o sexo?

São dois unidos,
pensando em ser um, 
seguindo independentes
suas vidas isoladas
que não mais se tocam
como antes.
Juntos, vivem tão separados
como se longe estivessem.
São vidas a parte
que se relacionam
sem serem um par.

Apenas tentam cumprir
a promessa feita no altar
de ficarem juntos
até que a morte os separe.


Victor Motta

domingo, 10 de setembro de 2017

Ao meu namorado!




Ao meu namorado!

Com seu jeito romântico
Encantou meu coração
Ensinou-me novos sonhos
Me fez viver uma nova emoção

Nossas vidas se encontraram
E sem querer, por ti me encantei
Mais feliz ainda foi ver teu sorriso
Quando teu pedido de namoro aceitei

Hoje és a música que quero ouvir
O abraço em que quero me envolver
A fonte da minha inspiração
Você faz parte do meu viver

Não posso saber do futuro
Mas agradeço pelo presente conquistado
E peço a Deus que me conceda
Que sejas tu, meu eterno namorado!


Desconhecido

Meu primeiro namorado




Você meu primeiro namorado,
Da paixão apresentou-me a cor,
E a delícia de um beijo roubado
Assim mostrou-me o amor,

Passar o dia contigo,
Estamos juntos enfim,
É assim que te quero comigo
Beijos e abraços sem fim.

Eu de olhos fechados,
Dou-te meu coração sem temor,
Ele agora a você dado,
Sei que ficará sem dor.

Bem mais que um amigo,
Quero-te todo pra mim,
Fazendo coisas sem sentido,
Que o nosso amor seja sempre assim.

Quero-te sempre do meu lado,
Fazendo-me rir com seu humor,
Que seja sempre meu namorado,
Para sempre ter seu calor.


Lais Y. T.

O teu riso




O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.


Pablo Neruda

sábado, 9 de setembro de 2017

Amor em paz




Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver 
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz


Vinicius de Moraes

Aqui eu te amo.



Aqui eu te amo.


Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforesce a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.


Define-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.


Ou a cruz negra de um barco.
Só.
Às vezes amanheço, e minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.


Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.


Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta..
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.


Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.


Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.


Pablo Neruda

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A Distância



A Distância

Nunca mais você ouviu falar de mim
Mas eu continuei a ter você
Em toda esta saudade que ficou...
Tanto tempo já passou e eu não te esqueci.

Quantas vezes eu pensei voltar
E dizer que o meu amor nada mudou
Mas o meu silêncio foi maior
E na distância morro
Todo dia sem você saber.

O que restou do nosso amor ficou
No tempo, esquecido por você...
Vivendo do que fomos ainda estou
Tanta coisa já mudou, só eu não te esqueci.

Eu só queria lhe dizer que eu
Tentei deixar de amar, não consegui
Se alguma vez você pensar em mim
Não se esqueça de lembrar
Que eu nunca te esqueci.


Roberto Carlos