domingo, 30 de junho de 2013

Poema em E

 
Poema em E
 
Eu que te amei em eloquente silêncio,
E tantas vezes te falei nas entrelinhas,
Eu que tanto me neguei a te amar,
Em acabrunhado e disfarçado recato,
 
Em pranto vertido, contido e solitário.
E tantas vezes deixei partir-se o meu peito,
Enquanto teus olhos me convidavam.

Em ensaios do nascer da luz ao amanhecer,
Entrelacei as tuas mãos nas minhas.
Estremeci ao toque do teu corpo no meu.

E cedi às emoções de beijos e paixão,
Enfeitando o castelo dos nossos sonhos.
Era só quimera frágil que se desmanchou.
Efêmeros sopros do vento na bruma.

Errante amor sem pilares de sustentação.
Espúrio e devotado só ao templo da paixão.
Estúpido coração! Crédulo e inconsequente.

Ensaios de lágrimas com o sol poente.
Entrelinhas da morte em vidas entrelaçadas,
E meu coração só, para sempre descrente.


Rosamares da Maia

 

Confissão

 
Confissão
 
Somente por você confesso em versos,
Os desvarios deste amor sem medidas,
Este amor que dizem já não mais existe.
Como não, se está aqui em meu peito?
 
É meu. Transpira-me por todos os poros,
Exalando o odor dos amantes ansiosos,
Sobreviventes à deriva da própria história.
Nada temo e nada nego. Quero mais.

Eu quero cada minuto desta nossa história.
Da vida em looping sem poder controlar,
Deste sentimento que não consigo estancar.

Quero as incertezas das tuas ausências,
As alegrias e presentes das tuas chegadas.
Sentir quanto os teus braços são fortes,
E que o meu corpo tem a tua medida,

Que teu abraço me estreita, aperta e sufoca,
Mas que sem ele sou folha solta ao vento,
Ar que respiro sem sentido de viver e razão.

Só por você volto a confessar nestes versos,
A música que canto pela manhã é teu nome,
E em cada nota desta letra eu digo – te amo.

Rosamares da Maia
 

sábado, 29 de junho de 2013

Ausência




Ausência


Via em seus olhos um lago azul cheio de paz
Via em seus olhos pedaço de céu onde podia descansar
Via em seus olhos tudo que o amor incondicional trás
Via em seus olhos a tradução perfeita da palavra amar.

E eu me perdia no amor que se propunha a me dar
E me alimentava do carinho que seus olhos expressavam
Era um lago calmo que me fazia aquietar
Na sua profundeza meus medos se afogavam.

Via em seus olhos ternura e tanta emoção
Que a eles entreguei sem receio minha vida
Neles encontrei minha mais segura acolhida!

Mas estes seus olhos partiram sem permissão...
E este seu olhar extinto esvaziou minha vida
Hoje busco no céu duas estrelas perdidas.

— Carmen Vervloet